Manifesto da Chapa

As estrofes do DCE

O DCE, Diretório Central dos Estudantes, é uma ferramenta representativa que potencializa a reflexão e ação do movimento estudantil, organizando e dando voz às suas demandas. Faz a ligação entre as questões dos diferentes cursos e campi articuladas aos centros acadêmicos e problemas que dizem respeito à Educação em todos os seus níveis. O DCE é parte da construção de um movimento amplo e transformador, o nosso Baião de Todos.

Um importante acontecimento de 2008 foi o fato de que durante a gestão “Vez e Voz” o DCE voltou a ser ativo. Mesmo sem uma sede definitiva e sem orçamento mensal, a atual gestão conseguiu manter suas atividades e fóruns, organizou os CA’s em espaços comuns e garantiu a ligação com o interior. Levantou o debate sobre as estruturas verticalizadas de poder na universidade, esteve na defesa dos estudantes processados pela USP e publicizou a incapacidade da COSEAS e da Reitoria de dar vazão à demanda de permanência estudantil. Além disso, construiu o V Congresso com os funcionários e professores em torno da discussão da estrutura de poder e da reforma do Estatuto da USP, momento privilegiado para aprofundar um debate de qualidade entre as categorias, fortalecendo a sua luta unificada. De qualquer forma, há muito ainda o que fazer para aprofundar o acúmulo político e organizativo da atual gestão.

Qual o nosso ritmo?

Somos Baião de Todos! Nos opomos aos vícios do movimento estudantil, a uma prática cada vez mais restrita que têm se reproduzido de forma pouco representativa e que tem minado a capacidade de articulação dos estudantes. Queremos agregar muito mais estudantes em torno de um movimento conseqüente, que seja capaz de construir um outro projeto de Universidade e lutar em defesa da Educação.

A Universidade desafinada

A mais preocupante iniciativa do governo do Estado de São Paulo para a Universidade é a UNIVESP – Universidade Virtual do Estado de São Paulo – que propõe cursos com 85% de aulas não-presenciais. Nós, da chapa Baião de Todos, defendemos a democratização do acesso à USP. O projeto do governo se propõe a sanar a falta de vagas no ensino superior através do Ensino à Distância. Contudo, os cursos à distância na graduação não cumprem o papel de formação crítica e humana dos cursos presenciais. A UNIVESP, assim, gera precarização do ensino. Além disso, o ensino a distância está entrando na USP pela porta das licenciaturas, prejudicando a formação dos professores e estendendo a sua precariedade para a educação básica.

Atualmente, não existe uma política clara de permanência estudantil na USP. A Bolsa Trabalho, que já era precária, em 2008 foi substituída pela Bolsa Aprender com Cultura e Extensão, diminuindo seu valor em mais de 30%. Os programas de permanência estudantil se reduzem a assistência mínima e não garantem a formação dos estudantes. Por isso, defendemos a ampliação das moradias estudantis, restaurantes universitários e bolsas de caráter sócio-econômico, atendendo plenamente as necessidades existentes.

Outro fator que compromete a universidade é o grande descompasso entre a expansão da USP, por meio de novos cursos e campi, e a falta de financiamento.


Existimos, a que será que se destina...

Como vimos, a universidade pública está cada vez mais deteriorada em sua qualidade, refém de interesses particulares e sob comando de um grupo restrito. Sentimos isso em várias ocasiões: na imposição da reforma do estatuto pela reitoria, nas eleições indiretas para cargos administrativos, na troca de favores nas relações acadêmicas, no produtivismo da pesquisa e num modelo de ensino cada vez menos voltado aos interesses comuns da sociedade. Temos o intuito de dar conta, enquanto gestão do DCE, da ampliação e representatividade do movimento estudantil, da criação de espaços de formulação e de atividades diversas como seminários, grupos de trabalho, semanas temáticas e festas. E construir no dia-a-dia um DCE amplo coletivo, autônomo para transformar a universidade. Nosso ritmo é o Baião de Todos!